Ensaio sobre tudo e nada

...composições literárias breves, sobre diversos temas ou assuntos, geralmente em prosa, de carácter analítico, especulativo ou interpretativo... ou nada disto...

26.11.07

29

ensaiado por Bri |

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E assim foi... Completou-se mais um ciclo. Desta vez o 29º!

E o que mudou?!

Naquele minuto ou segundo em que nascemos mudamos radicalmente a vida de tantas pessoas, a de duas principalmente, é certo.
Faz-me recordar o Control que vi recentemente e a reacção do Ian Curtis quando deixou de se ouvir o choro da mulher e se passou a ouvir o choro do bebé... Aquela expressão na cara dele que confundia a felicidade, que com certeza se sente, com o medo, o desconhecido, a dúvida... Bem, todas aquelas sensações/questões que só um cigarro ajuda a responder. “Preciso de um cigarro” disse ele, e lá foi [tentar] resolver essas questões que lhe deviam absorver o cérebro. Ele e o seu cigarro.

Bom, o meu choro ouviu-se logo pela manhãzinha, eram 9h15. E o mundo festejou... O meu mundo festejou...

E não tenho dúvidas nenhumas que a vida da minha mummy terá mudado substancialmente e foi mudando durante muitos anos... Senão vejamos [na minha cabeça de leiga em matéria de bebés :)]: passou a empurrar um carrinho com três kg e pouco pelos passeios cheios de neve, a acordar durante a noite para ver o que eu precisava, a ir trabalhar cheia de sono, a sorrir quando disse mamã e quando me aguentei das pernocas, e a sorrir muitas mais vezes sempre que eu dizia alguma coisa nova [parece que a estou a ver], a ralhar-me sempre que me portava mal, a sentar-me no colo e fazer-me festas na barriga sempre que ela me doía, a fazer-me um limão quentinho quando me doía a garganta ou a levar-me o almoço à cama quando estava doente, a sorrir sempre que passei de ano, a fazer figas por mim quando lhe pedia porque ia ter um teste, a sofrer quando as coisas corriam mal... Caramba, ainda hoje ela me faz o almocinho para eu trazer para o trabalho!!! Afinal a vida dela mudou para sempre naquele instante...

E para mim? Passados estes 29 anos o que mudou às 9h15 do dia 25 de Novembro? Ora vejamos o dia seguinte: continuei a levantar-me atrasada para o trabalho como se o meu horário de entrada fosse às 9h30 em vez de ser às 9h, peguei no carro que me trouxe até à empresa, estacionei-o no mesmo sítio proibido que estaciono sempre [só espero não ter uma prenda dos senhores agentes hoje], sentei-me à frente do mesmo computador rodeada das mesmas pessoas, se bem que hoje notei uma atençãozinha extra com a minha pessoa e os clássicos “Parabéns atrasados”, o almoço, o trabalho... hum... não mudou nada afinal...

Porque festejamos então todos os anos?! Afinal não muda nada!
Uma sms de uma amiga, que não pode estar presente, disse-me que a maturidade [o que quer que isso seja] nos ensina que o próximo ano é sempre melhor. Talvez seja o futuro que festejamos...
Talvez festejemos também o ano que passou, com todas as peripécias que ele trouxe... Algumas boas outras menos boas, algumas até más... E festejemos o que aprendemos com todas elas...
Ou talvez festejemos aquele minuto no xx/yy/zzzz [ou zzzz/yy/xx depende da convenção] em que mudamos a vida de alguém e todos os outros minutos que vieram de seguida em que continuamos sempre a mudar...

Em todo o caso festejamos e eu gosto de festejar... :)

Grata a todos os que festejaram comigo fosse qual fosse o motivo... :)

Até daqui a um ano... ;)
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22.11.07

Portugal - Finlândia

ensaiado por Bri |

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Antes de mais desenganem-se... Este não será um ensaio sobre o jogo, muito menos sobre futebol... Não me sinto capaz de tal proeza :) Deixo-vos apenas com algumas notas sobre a minha experiência de ontem à noite...

Foi o primeiro jogo da selecção que vi no grande e bonito Estádio do Dragão! Que é bonito, bonito e coberto... Agora de coberto a impermeável ainda vai alguma distância... Sim, porque quando a chuva caía mais forte era ver o pessoal a fugir das “confortáveis” cadeiras onde chegavam as pingas mais fortes que conseguiam infiltrar-se pela cobertura...

Bom, falhei no dress code e não levei um cachecol / chapéu / bandeira de Portugal... Confesso que senti falta de agitar no ar um cachecol em conjunto com o resto do estádio! Ah, o estádio estava completamente vestido de vermelho e verde, como seria de esperar. Bonito bonito! :)

Estávamos um pouco atrasados... O passo acelerado para tentar ver o aquecimento... Depois o passo acelerado para cantar o hino... 24, 25, 26 [...] 3, 4, 5, 6, 7... Porta 7 e aí já se ouvia o hino a terminar... Ooooohhhhh! Fica para a próxima!

Quando entramos estávamos rodeados de pessoas em pé, aos saltos, com o vermelho e verde nas mãos e ouvia-se Por-tu-gal, Por-tu-gal, Por-tu-gal... :) É brutal! :)

A acústica do estádio ajuda às emoções ao rubro... As palmas e os assobios parece que ficam confinados aquele espaço e os decibéis infiltram os nossos ouvidos! Uma emoção só!

Estávamos perto do relvado, num dos cantos do estádio.

A primeira parte do jogo decorreu tranquilamente... A baliza da Finlândia na primeira parte estava lá longe, do outro lado do relvado assim como o jogo. Não foram muitos os sustos cá do nosso lado...

O início da segunda parte foi bastante emocionante com a bola quase [maldito quase] a entrar várias vezes na baliza do adversário... Refira-se que o Cristiano Ronaldo sempre a correr na minha direcção, eu diria até para os meus braços também acrescentou alguma emoção ao momento... Lol!

O tal “quase” esteve sempre presente durante o jogo. Faltaram os golos. De qualquer das formas os golos não eram precisos para que o objectivo Português fosse atingido e assim foi. Qualificamo-nos com o empate...

E um dos vencedores do jogo foi, sem dúvida, o Público [com P grande de Portugal :)] que fez uma magnífica exibição sem nunca deixar de apoiar a equipa durante toda a partida!

Quase duas horas depois: The end! :)

Gostei... :)
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11.11.07

Ministério para as Oportunidade Iguais

ensaiado por Bri |

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Ministério para as Oportunidades Iguais é o nome de um dos Ministérios do Governo da Região da Toscana em Itália.
“A Orientação sexual não é uma escolha” é a frase que se lê nos cartazes publicitários, material da [corajosa] campanha promovida pelo governo desta região e por este ministério. Na pulseira do recém-nascido lê-se, no lugar de menino ou menina, “homosexual”.
Pretendem alertar para o facto de a homosexualidade não ser uma escolha combatendo, desta forma, a descriminação sexual contra homosexuais, lésbicas e transexuais.
Usam a imagem de um bebé já que os futuros pais compreendam e aceitem que o filho que esperam e que vão criar pode ser homosexual.
De referir que Agostino Fragai, responsável regional pela escolha da imagem, justificou que a campanha não pretende entrar na origem do homossexualismo, mas ressaltar que ele “não é um vício e, por isso, não deve ser condenado, marginalizado ou pior ainda, perseguido”.
"É importante que as mães pensem numa educação sem preconceitos, para evitar problemas afetivos ou eróticos futuros." afirmou Alessio de Giorgi, conselheiro da Região Toscana Contra a Discriminação Sexual.
A campanha foi polémica em Itália e mal recebida pela extrema direita italiana que apelida a campanha de facista.
A imagem foi utilizada também em um evento contra a discriminação sexual realizado em Florença, capital da região, nos dias 26 e 27, dentro de um festival de criatividade.
De referir que não é uma iniciativa isolada para a região da Toscana. Já em 2004 foi a primeira região na Itália a aprovar uma lei contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
É de louvar que campanhas que lutam pela igualdade social e pela não-discriminação, seja ela social, étnica, religiosa, racial ou, conforme neste caso, de orientação sexual, sejam tomadas pelo governo de uma região.
Uma demonstração de coragem e de solidariedade.
Uma demonstração de que a formação e sensibilização do povo, que faz parte das obrigações dos governos, pode sair do papel para as ruas.
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7.11.07

Fugiya & Miyagi

ensaiado por Bri |

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Local: Cine Teatro António Lamoso em Santa Maria da Feira

Intervenientes: Steve, David e Matthew

Publico: Imagino que à volta de 50 pessoas, não mais...

Na memória:

Uma mesa de mistura, uma guitarra e um baixo...
Três rapazes algures entre o tímido e o simpático...
Uns sorrisos, uns obrigados e uns thank you’s entre as várias músicas...
O jogo de luzes a acompanhar a música, psicadélicas quando o som que as comandava assim o exigia...
O balanço dos corpos dos três intervenientes...
A música...
O verdadeiro encore depois das palmas e assobios do publico: “Desculpem mas não estávamos à espera disto! Vamos ter que tocar uma repetida!” Bruuuuutaaaaallll!! :)

Sociedade, com vocês o encore dos Fujiya & Miyagi... :)


[nota: ignorem os huuuuuuhhhuuuuussss que se ouvem, aparentemente encontravam-se no espaço três loucas que conseguiram escapar dos muros de 3 metros que as rodeiam diariamente.]

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5.11.07

Bife ao estilo hamburguês!

ensaiado por Bri |

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Resolvi acabar o ensaio sobre nada que comecei há uns dias...

Apelida-lo de nada quando ele até é sobre alguma coisa, deve-se simplesmente ao facto de ser é uma daquelas curiosidades que não interessam absolutamente nada ao leitor... Por outro lado, pode ser uma daquelas curiosidades que todo o mundo conhece, menos eu, claro está...
É provável que muitos destes casos surjam [se é que já não surgiram] ao longo da vida deste espaço, portanto não estranhem.


Há uns dias, andava eu no supermercado, ao longo da bancada de congelados, indecisa, de um lado para o outro, à procura de alguma coisa que se cozinhasse rapidinho rapidinho... E encontrei umas embalagens de bifes de Hamburgo de Peru! [bem maus, devo dizer] Os bifes de Hamburgo eram basicamente umas rodelas congeladas de carne picada [neste caso de Peru]! Ao que eu me perguntei: “Bifes de Hamburgo?! Huum! Olhando assim de repente pareciam-me mesmo hambúrgueres!! ;)”.

Bom, posto isto, cheguei a casa e depois de tratar dos preparativos iniciais, que neste caso são mesmo os preparativos totais, para o manjar dessa noite [bem mau por sinal, não sei se já referi], toca a ir para a Internet pesquisar o porquê desse nome tão pomposo.

E desde logo, claro está, me apareceu essa fantástica enciclopédia virtual que dá pelo nome de Wikipedia, na qual explicava direitinho direitinho o porquê de bife de Hamburgo naquela embalagem ou será melhor dizer o porquê de hambúrguer!

Pois é, parece que estas rodelas de carne que fazem a delícia das crianças em geral e dos gordinhos americanos em particular, já existem há bastantes séculos, sendo que inicialmente menos elaboradas...

No século XIII, os cavaleiros tártaros para moer a carne dura e crua levavam-na na sela dos cavalos. Depois de algum tempo a galopar a carne transformava-se numa pasta mais fácil para mastigar. Era o chamado "bife tártaro", que comiam cru.
Alguns séculos mais tarde, um dia qualquer em pleno século XVII, umas tribos da Ásia Ocidental, lembraram-se de juntar umas especiarias na carne bovina picada tentando evitar que ela se estragasse...
Uns marinheiros alemães que faziam a rota do báltico, foram apresentados a esta nova técnica e, apesar de a ideia de comer carne crua não lhes ter agradado muito, levaram a ideia para casa e passaram a cozinha-la depois de moída e temperada. A receita generalizou-se pela Alemanha.
Em pleno século XIX, navegadores que partiam de Hamburgo para as Américas levaram com eles a receita e com a receita o nome da cidade. Assim, as rodelas de carne picada ficaram conhecidas como bife ao estilo hamburguês [hamburg style steak].

Aos americanos coube apenas o papel de juntar o pão e assim surge a mundialmente conhecida comida rápida americana que vai-se a ver, teve origem na Ásia, passou pela Europa e acabou a encher os bolsos das grandes cadeias de fast food americanas.
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